Depois do jogo frente ao Castêlo da Maia, o Prof. Bruno Lima, treinador dos seniores masculinos, dá a primeira entrevista exclusiva ao site oficial do Esmoriz Ginásio Clube.
Pergunta: Depois de um início de campeonato muito bom, no último jogo, contra o Castêlo, o Esmoriz GC teve talvez a primeira exibição aquém das expetativas. O que explica um desaire tão desnivelado?
Bruno Lima: Já pensei muito nisso, refleti muito sobre o jogo em conjunto com os atletas. Explicar concretamente o que se passou é difícil, mas acho que tem a ver com um sentimento de incapacidade de reagir ali a uma situação menos positiva que estava a acontecer. O Castêlo criou-nos bastantes dificuldades em todos os momentos. A principal conclusão que se tira é a falta de reação por parte da equipa, que não conseguiu encontrar solução para as dificuldades que o Castêlo colocou. Procurei fazer algumas alterações na tentativa de mudar o rumo dos acontecimentos, mas a apatia foi geral. Custou-me ver isso. Andámos sempre atrás do prejuízo e não conseguimos dar a volta ao contexto.
P: O Castêlo é um adversário direto ou está num nível superior?
BL: Fazendo a leitura do que estava a acontecer no campeonato, e mesmo pelos resultados de ambas as equipas nos primeiros quatro jogos, acho que era mais do que legítimo pensarmos que podíamos disputar o jogo com o Castêlo da Maia, sabendo de antemão que é uma excelente equipa, com jogadores de seleção. Além disso, analisando a tabela classificativa, tínhamos 4 pontos de vantagem sobre o Castêlo. Era expectável que pudéssemos disputar o jogo pelo jogo. Tínhamos aspirações de equilibrar e de vencer, até pela qualidade que já apresentámos. Agora, daí até acontecer o que aconteceu… há jogos assim, nós não assentámos e eles, com todo o mérito, fizeram aquilo que tinham de fazer e jogaram bem. Julgo que, depois deste jogo, toda a gente saiu a saber que podíamos fazer bem melhor. Por outro lado, houve uma equipa do Castêlo que se apresentou bem e que, se mantiver este nível, certamente figurará nos lugares cimeiros.
P: Houve deslumbramento do Esmoriz GC perante os últimos resultados?
BL: Não sei se deslumbramento será a palavra correta. Acho, sim, que era legítimo pensarmos que podíamos equilibrar o jogo com o Câstelo da Maia, sem nos comprometermos com resultados. Não acho, nem gosto de ver isso como deslumbramento. Mas dadas as circunstâncias, dado o momento do campeonato, aquilo que nós e o Castêlo tínhamos feito, julgo que era plenamente justificável pensar assim.
P: Faltou uma entrada mais forte e concentrada?
BL: Entrámos a equilibrar na fase inicial do 1º set, mas depois andámos sempre atrás do prejuízo. Nunca tivemos ali uma margem em que estivéssemos à frente e nos fizesse sentir que éramos capazes, que estávamos ali a controlar um bocadinho o jogo. Andámos sempre atrás do prejuízo e, em vez de conseguirmos aproximar-nos, eles foram sempre ganhando vantagens confortáveis. Sobre a entrada em campo, é difícil de explicar. Os jogadores querem, mas acho que foi daqueles dias em que as coisas não saíram, e o mais certo era, talvez, continuarmos ali a jogar outros cinco ou seis sets e o resultado ser o mesmo. Eles estavam nitidamente num dia sim, e nós, nitidamente, num dia menos positivo.
P: No próximo jogo a equipa vai dar outra resposta?
BL: Esperamos que sim e acho que vai ser um jogo “de revolta” por parte dos jogadores, depois de uma exibição menos conseguida. Vai puxar ao brio e ao orgulho, os jogadores vão querer dar a volta à imagem menos positiva que ficou de uma equipa que, a meu ver, não é a equipa que se apresentou contra o Castêlo, e sim a outra, que se apresentou nos quatro primeiros jogos do campeonato. É a melhor resposta que eles podem dar a quem tem dúvidas ou desconfia do valor deles. Querem e devem mostrar, primeiro, a eles próprios e depois à massa associativa, e por aí adiante, que aquilo foi um desaire que não correspondeu às capacidades deles.
P: Como encara o SC Caldas, próximo adversário?
BL: O Caldas é uma equipa forte. Reforçou-se bem, mas muitos jogam há dois ou três anos juntos, o que ajuda bastante. Estão entrosados. É daqueles encontros complicados de prever, não sei o desfecho. O que espero é que não deixemos a imagem que deixámos no fim-de-semana passado. Se vamos lutar pela vitória? Isso vamos, como não poderia deixar de ser, e vamos com tudo, até pelo último resultado. As derrotas são más, mas por vezes podem trazer algo de positivo. Podem puxar pelo brio dos jogadores e pela revolta, pelo empenho e pela garra. Será com certeza mais um jogo dificílimo.
P: Quais são os aspetos principais a melhorar para conseguir uma vitória no sábado?
BL: Confiança. Acreditar. Controlo emocional. Um pouco daquilo que é preciso em todos os jogos, independentemente de vires de uma exibição mais ou menos conseguida. A confiança dos atletas em si próprios, no colega do lado, a vontade de superação, concentração, a disciplina tática, que também deixou um bocadinho a desejar nesta última partida. Nós preparamos o jogo de uma determinada forma, tentámos pôr em prática o que achámos ser a melhor estratégia. Mas por vezes há ali uma certa indisciplina que não permite, depois, saber se a estratégia resultou ou não, precisamente porque nunca esteve lá presente.
P: Que balanço faz do trabalho da equipa desenvolvido até aqui?
BL: Eu acho que tem sido positivo. Não é o último resultado que vai pôr em causa o que fizemos até aqui, embora seja o que está mais fresco. Há atletas novos em relação ao ano passado. Três deles têm jogado de início, o que, em seis, é logo metade da equipa. Estão a ganhar novos métodos, estão a conhecer o entrosamento com outros colegas, a estratégia, a tática, aquelas coisas que nós vamos querer para a equipa. Isto tem o seu tempo para eles assimilarem. O plantel também está mais nivelado por cima. Sai um, entra outro, e a equipa não perde. Isso eles também sabem. Obriga os jogadores a não se acomodarem, pois sabem que se estiverem num dia menos positivo, há sempre ali um colega para entrar e que poderá dar conta do recado. Toda essa competitividade faz elevar os níveis de empenho e de concentração. E, consequentemente, a qualidade do trabalho e o nível da equipa.
P: O objetivo mantém-se?
BL: O nosso objetivo, para que ninguém tenha dúvidas – e mais uma vez digo que é legítimo, até pela melhoria que foi feita no plantel deste ano –, é ficar nos oito primeiros lugares. Sabemos o nosso valor e o das outras equipas. Estamos bem encaminhados para alcançá-lo mas ainda falta muito campeonato. Agora temos um jogo contra o SC Caldas, difícil, e queremos ganhar. Não podemos pensar de outra forma. Quanto mais cedo conseguirmos o objetivo, melhor, porque depois permite-nos pensar mais além. Tudo o que vier a mais, será excelente.