«Somos capazes de elevar o nível» – Prof. Leonel Gomes
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«Somos capazes de elevar o nível» – Prof. Leonel Gomes

Por Esmoriz GC
Dezembro 7, 2016

Depois de completar um ciclo invicto na segunda volta do campeonato nacional – II divisão, o Prof. Leonel Gomes, treinador das seniores femininas, fala em exclusivo, e pela primeira vez, ao site oficial do Esmoriz Ginásio Clube.


Pergunta: A segunda volta do campeonato foi 100% vitoriosa devido, em grande parte, ao jogo perante o até então líder invicto S. Mamede. Essa vitória surpreendeu-te?

Leonel Gomes: Não foi uma surpresa. Já tínhamos ganho à equipa do S. Mamede durante a pré-temporada. Sabíamos que era quem estava a jogar melhor até aí, mas também estávamos atentos ao facto de ter feito os jogos mais importantes em casa. É uma vantagem e, no dia da nossa vitória, também se notou como foi importante para nós. Sabia que podíamos surpreender e assim fizemos. Acho que fomos mais fortes do que o adversário. Surpreendeu-me mais a derrota lá, na primeira volta.

P: Essa foi a melhor exibição, até agora?

LG: Eu gostei muito do primeiro jogo cá, contra a AJM. Perdemos, mas acho que estávamos a jogar muito bem e podíamos ter ganho 3-1. Vacilámos no final do quarto set, estivemos com vantagem de 22-21, creio eu, e depois fomos perder… Na sequência, a negra também não correu bem. O jogo da segunda volta, também contra a AJM, acho que foi o que ditou esse fim-de-semana de jornada dupla no qual derrotamos a AASM. Não foi um grande jogo da nossa parte, porque no 4º set estivemos a perder por muitos pontos, 19-13, penso eu… Mas conseguimos dar a volta, ir buscar o set, e ganhar a negra com muita categoria. Acredito que isso fez aumentar muito a confiança para o jogo de domingo, em casa, contra o líder. E sim, na minha opinião esse foi o melhor jogo das seniores. Ganharam 3 pontos ao primeiro classificado. Não é fácil, e por isso a exibição merece ser classificada como a melhor. Claro que, pontualmente, houve coisas que podiam ter saído de outra forma, mas acho que esse trabalho merece ser galvanizado. É sinal de que estamos a ir no bom caminho.

P: A equipa tem capacidade para manter o nível?

LG: Eu acredito que a equipa tem capacidade para elevá-lo ainda mais. Como treinador, pretendo mais. Por exemplo, no último jogo contra a AJM, ganhámos e conseguimos equilibrar sempre os sets sem ter todas as atletas a render o máximo daquilo que podem dar. Se a equipa estiver toda a jogar bem, a respeitar o plano de jogo, a estratégia, a maneira como vamos defrontar o adversário… Se toda a gente estiver dentro da mesma linha, acho que conseguimos fazer ainda melhor. E é por esse caminho que estamos a trabalhar.

P: Quais são os pontos fortes do Esmoriz GC?

LG: Nos jogos evidencia-se muito o coletivo. Pontualmente, há uma ou outra que se evidencia um bocadinho mais, outra que podia ter feito melhor… Mas acho que o coletivo é que define quando as vitórias nos sorriem. Contra a AASM, quem entrou, deu mais à equipa. As substituições ajudam. Não somos uma equipa que depende de individualidades. Tem jogadoras mais influentes, como todos os clubes, mas é o coletivo que sobressai. O facto de termos apresentado aqui e ali mudanças na formação com que jogamos demonstra a confiança que tenho no grupo.

P: Que análise fazes aos principais adversários desta fase, AJM e AASM?

LG: São duas boas equipas. A AJM é uma equipa que depende muito de uma jogadora, o que torna as coisas mais fáceis para nós ao nível do plano de jogo. Se bem que também pode dificultar, porque se ela estiver bem, é difícil de ser parada. O S. Mamede tem mais atletas influentes e um jogo diferente, mais aberto. É um jogo que requer, por parte da nossa equipa, mais concentração e capacidade de respeitar a estratégia definida. No geral, são duas boas equipas e acho que, daqui até ao fim, os jogos vão ser sempre equilibrados.

P: O objetivo é passar à próxima fase?

LG: Sim, o objetivo é passar esta primeira fase. É uma grande meta. Acho que a equipa está a trabalhar bem, acho que melhorou da primeira para a segunda volta, e os resultados assim o demonstram. E acho que estamos a meio do caminho, dá para melhorar mais. Temos agora um jogo muito importante, o primeiro contra a AJM, aqui em casa. Esse jogo já pode ditar algumas coisas. A nossa vitória, cá, conseguindo 3 pontos, é um passo muito importante. Depois, na semana seguinte, temos logo o S. Mamede fora. Jogar lá é sempre difícil. Na verdade, é um pouco estranho, é um pavilhão muito escuro, em que as jogadoras do S. Mamede jogam muito melhor. Se já têm qualidade, lá ainda se evidenciam mais. Certamente que, para conseguirmos equilibrar, tem de haver superação e união, acima de tudo.

P: E depois disso? É possível subir de divisão?

LG: Ora bem, o primeiro objetivo, e grande foco, de momento, é passar esta fase. Nem eu, nem ninguém está a pensar já na próxima etapa porque a concentração está aqui. Quando acabar, e se passarmos, estabelecem-se outra vez objetivos de equipa e continua-se a trabalhar da mesma forma. Um degrau de cada vez. Claro que é possível, com esta mentalidade, se redefinirmos os objetivos à medida que o percurso avança, sonhar com a subida de divisão. Se passarmos esta fase para o grupo dos primeiros, o objetivo será apenas continuar a trabalhar, com os pés bem assentes no chão, conhecendo as nossas limitações. Mas tentando sempre ir o mais longe possível. A próxima fase é uma fase diferente, todos contra todos, seis equipas e os jogos só têm uma volta. Aí, tudo pode acontecer…

P: Estás satisfeito com o trabalho desenvolvido pela equipa até aqui?

LG: Estou, estou satisfeito. A equipa reage bem nos jogos, treina bem durante a semana… Não podemos esquecer que estamos dentro de um contexto amador. Muitas delas têm uma vida preenchida e sei como, às vezes, há dias mais complicados para treinar. Saímos daqui muito tarde para quem tem de acordar cedo no dia seguinte… Mas elas trabalham bem, gostam, e isso apenas enaltece o compromisso que têm para com a equipa. Não tenho quaisquer razões de queixa.

P: Embora dês treino há muito tempo, é a primeira vez que estás à frente de um escalão sénior. Como tem sido este desafio na tua carreira de treinador?

LG: Já dou treino há oito anos. Curiosamente, tenho atletas nas seniores que foram minhas atletas há oito anos, também. E poucas delas não foram. Sabemos que a maior parte das jogadoras vem da nossa formação. Claro que é um grande desafio. Fui atleta do clube durante muito tempo e abraçar um projeto destes, como treinador, é fantástico. Quero também agradecer à direção por isso, pela confiança que depositou em mim. Mas sinto-me totalmente à altura.

P: Há mais responsabilidade?

LG: Não encaro as coisas dessa forma. Para mim, é igual o escalão de iniciadas, por exemplo, em que estabeleces determinado objetivo de equipa. A responsabilidade é a mesma, é igual. É trabalho. É claro que a visibilidade é totalmente diferente. Mais pessoas vêm, comentam, conhecem… Mas nos escalões de formação esses aspetos também estão presentes.

Publicado por : Esmoriz GC